segunda-feira, 20 de março de 2017

O da perdigota

Nomes para tudo e mais alguma coisa. De praças a pracetas, de ruas a avenidas. Às vezes engraçados, outras absolutamente convencionais. O que não faltam são nomes.
Já por uma ocasião (gosto mais de dizer «uma ocasião» em lugar de «uma vez») dei nota da minha reacção quase epidérmica à afronta que é insistirem em impor-nos nomes oficiais a lugares que tiveram, têm e sempre terão os seus nomes consagrados (alguém chama rotunda AEP à dos Produtos Estrela, ou Praça Mouzinho de Albuquerque à Rotunda da Boavista, ou Gomes Teixeira à Praça dos Leões?). Adiante.
Ando há uns tempos a estudar o conflito latente entre o departamento de toponímia e o departamento de esculturas urbanas.
Cá pelo Porto a disputa espalha-se por toda a cidade e chega a ser caricata.
Ai aqui é a Praça do General Humberto Delgado (para mim é simplesmente parte de cima dos Aliados…)? Então toma lá com uma estátua de Almeida Garrett mesmo no meio!
Largo D. João III? Olha ficava mesmo bem uma estátua do Afonso de Albuquerque (faz de conta que eram amigos).
E esse clássico da estátua do Garcia da Orta (sem H!)? Não, não se chama Praça Garcia da Orta. É antes Largo Tomé Pires … até é parecido…
Gosto é daquela na Rotunda do Castelo do Queijo, perdão da Praça Gonçalves Zarco (sabiam?). É que nem Queijo nem Zarco. Bem, bem é um cavalo com o D. João VI!
Mas o jogo do rato e do gato continua. No Jardim João Chagas (ide pesquisar onde é) bem que podem procurar uma estátua ou busto do dito que não encontram. Mas por lá jazem o António Nobre e o Ramalho Ortigão!
E na Praça da Batalha, com o D. Pedro V? Ou na Rua D. Carlos, no Passeio Alegre, o monumento ao Raúl Brandão? Ou ainda o Júlio Dinis no Largo Prof. Abel Salazar? E olhem que não faltam mais exemplos!
Meus amigos, vai para aí uma confusão dos diabos, sem regra nem freio!
E o mais extraordinário é que não havia necessidade disto. O D. João VI podia estar na rua com o mesmo nome. O Júlio Dinis também. O Garcia da Orta (sem H!). O Afonso de Albuquerque. E por aí fora.
Eu se fosse edil cá do burgo alinhava na brincadeira. Mandava construir um grande Largo. E plantava lá uma enorme bota. Ah, o nome do Largo? Isso. O da perdigota.

#Saladeestar

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